Homília da Sexta-feira da 14ª semana do Tempo Comum
I. Introdução
Hoje, Jesus anuncia aos seus o que sofrerão pelo fato de serem apóstolos. Não lhes dá perspectivas muito motivadoras: Juízos, açoites, ódio da própria família, persecuções, morte. Atitude dos apóstolos: Astúcia e inocência.
Sua tarefa: Percorrer o mundo dando testemunho de Jesus, falando inspirados pelo Espírito Santo... fugindo quando seja necessário. O mais importante: Perseverar até o fim.
II. Comentário
Evangelho (Mt 10,16-23)
Hoje, o Senhor adianta-nos que o caminho do apóstolo não é um “caminho de rosas”. O exemplo e a palavra do apóstolo despertam as consciências. Mas o “comodista” e o “descarado” (que criticam a religião enquanto vivem de expedientes) costumam-se incomodar. As almas simples escutam e agradecem; outros, pelo contrário, reagem contra o apóstolo.
Se Jesus o sofreu, como não nos vai acontecer a nós? Portanto, prudentes para não provocar incêndios (evitar discussões); simples para apagar incêndios (a alegria que desarma). De qualquer modo, “não vos preocupeis” porque Jesus não caminha longe.
“Apóstolo” é um término grego que significa “enviado”, enviado por Jesus para anunciar sua mensagem. São doze os que Jesus escolheu. Para manter íntegro o Evangelho, a predicação apostólica conserva-se desde o início até o fim dos tempos, por uma sucessão interrompida.
Esta transmissão viva a denominamos “tradição”: Predicação apostólica continuada na sucessão apostólica. Tradição e Escritura são as duas grandes fontes da fé.
Senhor, graças pelos apóstolos que fizeram que a fé chegasse até hoje e, porque nos envias a nós como parte desta “corrente” apostólica que anuncia o Evangelho.
III. Atualização
• O Evangelho remarca as dificuldades e as contradições que o cristão haverá de sofrer por causa de Cristo e do seu Evangelho e como deverá resistir e perseverar até o final. Jesus nos prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20); mas não prometeu, aos seus, um caminho fácil, antes pelo contrário, lhes disse: Sereis odiados por todos, por causa do meu nome” (Mt10,22).
• A Igreja e o mundo são duas realidades de “difícil” convivência. O mundo, que a Igreja há de converter a Jesus Cristo, não é uma realidade neutra, como se fosse uma cera virgem que só espera o selo que lhe dará forma. Isto só teria sido assim se não tivesse havido uma história de pecado entre a criação do homem e a sua redenção. O mundo, como estrutura afastada de Deus, obedece a outro senhor, que o Evangelho de São João denomina como o senhor deste mundo, o inimigo da alma, o que fez com que o cristão fizesse um juramento no dia de seu batismo de desobediência, de dizer não ao inimigo, para pertencer somente ao Senhor e à Mãe Igreja que ela engendrou em Jesus Cristo.
• Mas o batizado continua vivendo neste mundo e não em outro, não renuncia à cidadania deste mundo nem lhe nega sua honesta contribuição para mantê-lo e melhorá-lo; os deveres de cidadania cívica são também deveres dos cristãos; pagar os impostos é um dever de justiça para o cristão. Jesus disse que nós, seus seguidores, estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 17,14-15). Não pertencemos ao mundo incondicionalmente, inteiramente, só pertencemos a Jesus Cristo e à sua Igreja, verdadeira pátria espiritual, que está aqui na terra e que transpassa a barreira do espaço e do tempo para desembarcar-nos na pátria definitiva que é o céu.
• Esta dupla cidadania inevitavelmente se choca com as forças do pecado e do domínio que move os mecanismos mundanos. Repassando a história da Igreja, Newman dizia que “a perseguição é a marca da Igreja e talvez a mais duradoura de todas”.
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