domingo, 20 de junho de 2021

HOMÍLIA DO 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM


I. INTRODUÇÃO GERAL

 

A liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a salvação.

As provações que a vida nos apresenta não são sinais da ausência de Deus, pois ele se preocupa com os dramas humanos, cuida da criação com amor, inspirando e apontando caminhos de superação.

Jó, por meio de sofrimentos e provações, aprende que há alguém maior do que seu sofrimento. O homem, na sua pequenez e finitude, nem sempre consegue entender a lógica dos planos de Deus; resta-lhe, no entanto, entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com total confiança.

 

II. COMENTÁRIOS

 

1. I leitura (Jó 38,1.8-11)

 

A história serve de pretexto para refletir sobre certos temas fundamentais sobre as quais o homem sempre se interroga, como são a questão do sofrimento do justo inocente, a situação do homem diante de Deus e a atitude de Deus face ao homem.

sofrimento é sempre o resultado do pecado do homem; assim, se Jó está a sofrer, é porque pecou... Com a veemência que vem de uma consciência em paz, Jó recusa conclusões tão simplistas e demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal.

Ele dialoga com o próprio Deus, em forma de lamento, queixas, dúvidas e revoltas, mas com confiança e esperança de que Deus lhe responderá. E, de fato, Deus lhe responde, recordando-o de seu lugar de criatura limitada e finita. Mostra-lhe também sua preocupação e seu amor por cada pessoa.

 

 

 

 

 

2. II leitura (2Cor 5,14-17)

 

. Os destinatários da carta são os membros da Igreja de Corinto, a qual esteve em conflito com o apóstolo; havia nessa comunidade um espírito de divisão, por isso Paulo propõe uma reflexão sobre a profunda unidade entre nós e Cristo. 

A sua ação apostólica tem apenas como objetivo levar o amor de Cristo ao conhecimento de todos os homens. Cristo morreu por todos, a fim de que os homens, aprendendo a lição do amor que se dá até às últimas consequências, deixassem a vida velha, marcada por esquemas de egoísmo e de pecado.

Paulo, depois de ter encontrado Jesus, de ter aderido à sua proposta e de ter feito a experiência da liberdade e da vida nova, tornou-se testemunha, diante dos homens, do projeto salvador e libertador de Deus para os homens.

 

 

3. Evangelho (Mc 4,35-41)

 

 

O texto que hoje nos é proposto deve ser visto neste ambiente. O nosso texto começa com a indicação de que Jesus decidiu passar "à outra margem". A "outra margem" (do lago de Tiberíades, evidentemente) é o território pagão da Decápole.

No "barco" vão Jesus e os discípulos (vers. 36). O "barco" é, na catequese cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no "barco", mas são os discípulos que se encarregam da navegação, pois é a eles que é confiada a tarefa de conduzir a comunidade pelo mar da vida.

Na narrativa do milagre da tempestade acalmada destaca-se a serenidade de Jesus, que dorme na popa. Nesse pano de fundo, com os elementos da natureza ameaçadores e os discípulos amedrontados, sobressaem a segurança e o domínio de Jesus. Ele não responde imediatamente aos discípulos, mas repreende o vento e o mar com sua palavra. 

O medo dos discípulos cede lugar à fé; o milagre os faz progredir na descoberta da pessoa de Jesus. Nesse ponto, o relato do milagre deixa de ser a simples descrição de um episódio dramático no lago e torna-se evocação de uma experiência de fé. Essa nova dimensão do gesto de Jesus se obtém graças à releitura da ação libertadora de Deus na história do povo escolhido.

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Esta passagem do Evangelho pode ser um retrato da comunidade de Marcos e das comunidades cristãs de todos os tempos que, por falta de fé, supõem que Jesus esteja dormindo, ausente dos problemas que nos afetam. Pois bem, diante dos olhos arregalados dos discípulos, Jesus intervém e acalma a tempestade. Dominar as forças da natureza é ação atribuída ao poder divino. 
• O Antigo Testamento traz vários episódios em que Deus surge controlando o ímpeto da natureza: “Tu governas a fúria do mar, tu acalmas as ondas quando se levantam” (Sl89,10). Além dos discursos, Jesus se serve também de ocorrências naturais ou de acontecimentos corriqueiros para demonstrar quem ele é: o Filho de Deus. E cobra de nós um salto de qualidade no campo da fé: “Por que vocês são medrosos? Ainda não têm fé?”
• Ante a lembrança dos horrores dos campos de concentração da II Guerra Mundial, o Papa Bento se pergunta: Onde estava Deus nesses dias? Por que permaneceu calado? Como pôde tolerar este excesso de destruição?. Uma pergunta que Israel, ainda no Antigo Testamento, se fazia: Por que dormes? Por que escondes teu rosto e esqueces nossa desgraça(Sal 44,24-25).
• Deus não responderá a estas perguntas: podemos pedir tudo a Ele, menos o porquê das coisas; não temos o direito de pedir-Lhe contas. Na realidade, Deus está e está falando; somos-nos quem não estamos [na sua presença] e, portanto, não ouvimos a sua voz. Nos ―diz Bento XVI― não podemos escrutar o segredo de Deus e da história. Neste caso, não defenderíamos ao homem, mas contribuiríamos somente à sua destruição.
• Efetivamente, o problema não é que Deus não exista ou que não esteja, porém que os homens vivamos como se Deus não existisse. Aqui está a resposta de Deus: «Por que estais com tanto medo? Como não tens fé? (Mc 4,40). Isso disse Jesus aos Apóstolos, e o mesmo lhe disse a Santa Faustina KowalskaMinha filha, não tenhas medo de nada, Eu sempre estou contigo, ainda que te pareça que não esteja”.



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